Tite, Roberto de Andrade, a demagogia e os torcedores que sempre ficam como “trouxas”

O episódio que culminou na troca do técnico Tite, do Corinthians, pela seleção brasileira, a meu ver, só comprovou o que eu já pensava: o mundo do futebol é cercado de “faz de conta” e de demagogia. No final, quem cumpre o papel de trouxa é sempre o torcedor.

Por que o torcedor cumpre o papel de trouxa? Porque, geralmente movido pela paixão, ele acredita nas pessoas que comandam e/ou cumprem papeis importantes no mundo do futebol.

“Pode-se dizer que o Corinthians está rompido com a CBF”, vociferou Roberto de Andrade, presidente do Corinthians na coletiva de imprensa nesta quarta-feira, claramente incomodado com a saída do treinador responsável pelos anos mais gloriosos na recente história do Timão.

Boa parte da torcida provavelmente irá se inflamar com a fala do presidente e bradará aos quatro cantos para os amigos que torcem para outro time: “meu time é rompido com a CBF”, o que hoje é sinônimo de orgulho, visto os problemas com a Justiça que enfrentam os principais comandantes da entidade e a imagem cada vez mais arranhada da mesma perante a opinião pública. Mas…quanto tempo este rompimento vai durar? Vale lembrar que Andrés Sanchez, um dos principais líderes do Corinthians, já declarou guerra a Del Nero mais de uma vez. E Roberto de Andrade votou em Coronel Nunes, aliado de Del Nero, para a presidência da CBF. Na palavra de quem podemos acreditar?

Tite também teria que se explicar, já que, em um passado não tão muito distante, assinou um manifesto pedindo a renúncia do presidente Marco Polo del Nero da CBF — mandatário que foi o responsável pela sua contratação para comandar a seleção brasileira. Como trabalhar ao lado de uma pessoa que você queria que estivesse fora da entidade? O torcedor — corintiano principalmente — acreditava que, enquanto Del Nero fosse presidente, Titenão pisaria lá. E foi enganado. Veja bem: Tite tem o direito de fazer a escolha que bem entender, e se for usar os problemas jurídicos de quem comanda o futebol como justificativa para não trabalhar em um lugar A ou B, provavelmente estaria desempregado. Não é este o “x” da questão, mas sim como a opinião das pessoas no futebol pode ser moldada em pouco tempo.

Tite deu coletiva como técnico da seleção brasileira, como esperado, ao lado de Del Nero, que teria de se explicar o motivo de ter demorado dois anos para escolhê-lo como treinador, sendo que Tite estava livre no mercado e ele optou por Dunga, mas não o fez.

Del Nero teria que dizer o porquê de ter escolhido alguém que critica a sua gestão. Quando pensei em escrever este texto, apostei que ele provavelmente ressaltaria as inegáveis qualidades de Tite como treinador, que era qualificado “desde 2014”, mas foi escolhido somente agora”.

O que Del Nero não disse (e não dirá) é que a escolha por Tite é para que ele tenha o escudo necessário no futebol para ter tranquilidade para se defender das acusações na Justiça. Afinal de contas, se o Brasil fracassar nas eliminatórias, ele pode virar para a opinião pública e dizer: escolhi o técnico que vocês queriam, não?

Tite, a minha desilusão com o futebol não é de hoje

Antes de começar a exercer o jornalismo esportivo, eu torcia muito para o meu time de futebol (Santos), ia em estádio, ficava realmente triste com as derrotas. Depois de conhecer mais de perto este mundo de “faz de conta”, de reiteradas mentiras e frases demagogas, torço bem menos.

Por quê? Porque me achava um torcedor trouxa. Daqueles que acreditava na palavra de todos que fazem parte deste mundo futebolístico. Você também se acha assim? Faz todo sentido.

Texto adaptado da publicação que fiz no Torcedores.com. Veja aqui

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