
Os jogadores da seleção brasileira tiveram mais uma oportunidade perdida ontem. Não, não me refiro ao campo, pois lá, o Brasil venceu o Paraguai por 2 a 0, derrubou um jejum histórico fora de casa contra o rival e ainda igualou o feito da seleção do tri como o melhor início da história do país nas eliminatórias (seis vitórias em seis jogos). Mas fora do campo…
O manifesto divulgado pelos jogadores da seleção brasileira contra a realização da Copa América é sem sentido e muito contraditório. Alguns trechos chamaram a atenção:
“Por diversas razões, sejam elas humanitárias ou de cunho profissional, estamos insatisfeitos com a condução da Copa América pela Conmebol, fosse ela sediada tardiamente no Chile ou mesmo no Brasil”. Quais são as razões humanitárias? Pressuponho que eles estão se referindo ao desastre provocado pela covid. Então por que não falar? Medo de desagradar o governo brasileiro que faz uma péssima gestão deste assunto? Outro ponto: culpar a Conmebol me parece o alvo mais fácil para se comprometer menos.
Outro trecho: “É importante frise (sic) que em nenhum momento quisemos tornar esta discussão política”. Oras, a simples existência deste manifesto já torna a discussão política. Política é a atividade desempenhada pelo cidadão quando exerce seus direitos em assuntos públicos através da sua opinião e do seu voto. E os jogadores da seleção brasileira manifestaram opinião sobre um assunto público – a realização ou não da Copa América no país.
“Somos contra a realização da Copa América, mas nunca diremos não à seleção brasileira”. Qual é o crime de não disputar uma competição com pouca relevância no cenário global como a Copa América?
A ideia de um manifesto foi ótima. Mas a execução…
Mas a crítica não é restrita aos jogadores. O técnico Tite prometeu falar de forma mais incisiva sobre a crise na CBF após os jogos das eliminatórias. Mas aparentemente ficou só na promessa – ainda que tenha sido a mesma postura evasiva do treinador que estamos acostumados a ver.
“Não sou hipócrita e não sou alienado. Eu sei que as coisas aconteceram. Mas sei também dar prioridade, que é cuidar do meu trabalho”, escapou o treinador, quando questionado se pensou em pedir demissão em meio aos problemas.
Uma pena…mais uma oportunidade perdida.