De forma surpreendente, a diretoria do São Paulo decidiu demitir o técnico Paulo Autuori e contratar Muricy Ramalho. Muito se foi falado, mas até agora ninguém me convenceu de que não se trata de uma atitude de desespero de uma cúpula que teme seriamente o risco de rebaixamento inédito na história do Tricolor. Mas, por mais que possa parecer contraditório, a medida pode dar certo.
Quando apresentou Paulo Autuori menos de dois meses atrás, o presidente Juvenal Juvêncio mostrou aos jornalistas uma lista de técnicos que o arquirrival Corinthians contratou nos últimos anos na tentativa de criticar o excesso de trocas do Timão. Coincidência ou não, nesta terça-feira ele nem apareceu para apresentar Muricy – delegou a função ao vice-presidente de Futebol, João Paulo de Jesus Lopes.
A decisão de demitir Autuori, que até pouco tempo atrás era visto como o técnico mais cobiçado do mercado por Juvenal (o tentou, sem sucesso, tirar do Qatar por mais de uma vez) não foi consenso nem entre a cúpula são-paulina. O próprio Jesus Lopes não conseguiu esconder o descontentamento por não ter sido ouvido e fez questão de elogiar o ex-treinador na presença de Muricy.
E por que a troca de treinador, neste caso, se trata de uma prova de desespero? Porque a diretoria jogou fora a cartilha pregada no futebol de dar tranquilidade a um técnico para ele exercer o seu trabalho é uma das premissas para os resultados aparecerem. Porque bateu a aflição de terminar o primeiro turno na zona de rebaixamento. E, principalmente, porque Muricy é quase unanimidade para o torcedor do São Paulo.
Aí entra também a questão da eleição, que ocorrerá em abril do ano que vem. A chegada de Muricy serve também para eximir a atual diretoria de culpa. Se o São Paulo cair, os dirigentes falarão: mas nós trouxemos o técnico que vocês sempre quiseram, não foi? Fizemos a nossa parte.
Não discuto a capacidade de Muricy. Seu currículo fala por si. A questão é que a diretoria do São Paulo está apostando em fatores emocionais, em ligação entre técnico e torcida, para que o time consiga reagir no campeonato. O fator campo está ficando em segundo plano.
Pode dar certo? Claro que pode. A graça do futebol é que é um esporte que proporciona surpresas a quem o pratica. Ainda acho que o São Paulo não cai. Mas que a atual diretoria está fazendo força pra isso, ah isso está.
Crédito: Reinaldo Canato/UOL
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Gostei ! Muito lúcido sem tendências e análise crua da situação (o que poucos jornalistas especializados em futebol fazem). Quero dar minha opinião, como torcedor digo que o estrago está feito!!! Isso que dá querer se perpetuar no poder e centralizar as decisões para seu próprio regozijo!!!! Em outra matéria o Juvenal afirmou “Decidi demitir o Autuori e em uma simples ligação trouxe o Muricy” “Vai lá e resolve!” Típico de um ignorante, veja se é assim que se lida com uma situação destas??? Por isso que o apelidei de “Hugo Chaves do Morumbi” Graças a Deus nunca mais….. quanto ao Muricy….affff !!!!!
obrigado pelo elogio e o comentario, Perrone!
Caro Renan,
Juvenal admite e confirma o que você escreveu na entrevista à Folha desta quarta: “Troquei planejamento por choque”. Quem quer choque está desesperado. Choque não se pensa, se age. Choque é o executivo. Planejamento é o pensado, o lógico. Choque é irracional, planejamento é racional.
Mas a lógica e o racional hoje jogam contra o São Paulo. A lógica é pensar neste péssimo São Paulo rebaixado no fim do ano. Só o irracional – fé, paixão e otimismo – explica a possibilidade de imaginar o São Paulo de Muricy fora da degola.
Por isso concordo que seja hora do choque, hora do desespero. Não condeno a mudança. Condeno o modo como foi feita. Autuori é admirado por todos, respeitado, elogiado… mas perdeu muito.
E o São Paulo rasga sua cartilha porque começa a perceber que sua cartilha estava errada. Ora, que cartilha é essa que resulta em time de alto investimento rebaixado? Que resulta em time que nenhum treinador consegue treinar, e em que nenhum jogador bom consegue jogar bem.
O desespero dessa diretoria é simples: percebeu-se que a cartilha está errada. Está a um passo de admitir uma sequência de erros. Se o ano não resultar em rebaixamento, prevejo autocrítica inédita e redenção de Juvenal Juvêncio. Se cair, novamente o argumento será o demérito de mais um ótimo técnico e de um caríssimo plantel de jogadores.
Abs,
Concordo muito, Palenzuela! Obrigado pela visita e o comentário no blog!
Juvenal admite e confirma o que você escreveu na entrevista à Folha desta quarta: “Troquei planejamento por choque”. Quem quer choque está desesperado. Choque não se pensa, se age. Choque é o executivo. Planejamento é o pensado, o lógico. Choque é irracional, planejamento é racional.
Mas a lógica e o racional hoje jogam contra o São Paulo. A lógica é pensar neste péssimo São Paulo rebaixado no fim do ano. Só o irracional – fé, paixão e otimismo – explica a possibilidade de imaginar o São Paulo de Muricy fora da degola.
Por isso concordo que seja hora do choque, hora do desespero. Não condeno a mudança. Condeno o modo como foi feita. Autuori é admirado por todos, respeitado, elogiado… mas perdeu muito.
E o São Paulo rasga sua cartilha porque começa a perceber que sua cartilha estava errada. Ora, que cartilha é essa que resulta em time de alto investimento rebaixado? Que resulta em time que nenhum treinador consegue treinar, e em que nenhum jogador bom consegue jogar bem.
O desespero dessa diretoria é simples: percebeu-se que a cartilha está errada. Está a um passo de admitir uma sequência de erros. Se o ano não resultar em rebaixamento, prevejo autocrítica inédita e redenção de Juvenal Juvêncio. Se cair, novamente o argumento será o demérito de mais um ótimo técnico e de um caríssimo plantel de jogadores.
Concordo muito, Palenzuela! Obrigado pela visita e o comentário no blog!
Renan,
Afora os exageros comportamentais típicos do Presidente, feliz é o clube que, no “desespero”, pode trazer um treinador, reconhecidamente vencedor, identificado com o clube, faltando, ainda 18 rodadas para o término do Campeonato, ou seja, dá até pra pensar em algo mais além de escapar. Todo o problema é o tal “fantasma do rebaixamento”. O esforço para não ser rebaixado, realmente impede qualquer planejamento para o ano seguinte. O São Paulo tinha um planejamento onde pretendeu encaixar o Ney Franco não deu. Recorreu ao plano “B” (ou “A”) – Autuori que também falhou. Seu ar de fastio, de empáfia após cada derrota era realmente insuportável para o torcedor. Fora isso, Jadson levou quase um ano pra acertar, Ganso esqueceu o futebol na Vila, Luis Fabiano assumiu a personagem de “bad boy”, e o RC, depois de velho resolveu dar piti. Muricy vai dar jeito? Difícil dizer. Ninguém sabe ao certo a extensão do estrago na cúpula e no vestiário. É fato que a relação São Paulo/CBF/Imprensa, fundamental na conquista do tri-campeonato está azedada e isto pode dificultar a vida daqui pro fim da competição. e consequentemente daí pra frente. Para Grêmio, Botafogo, Coritiba, Atléticos (MG e PR), principalmente Corinthians a Segundona ajudou no planejamento futuro. Já para o Vasco e principalmente Palmeiras que agora tem nova chance, não. Já dizia o Profexô que o medo de perder tira a vontade de ganhar e esse está sendo o erro do São Paulo.
entendo o que quer dizer, Gilberto. Obrigado pelo comentário!