O Santos ainda vive uma crise que começou de forma pouco comum para os padrões brasileiros: após uma derrota vergonhosa para o Barcelona em um amistoso. O presidente Luis Alvaro de Oliveira Ribeiro se viu obrigado a pedir licença de um ano diante da pressão política que foi instaurada. Provavelmente terminará o seu mandato vitorioso pela porta dos fundos, no exemplo claro de algo já conhecido: o torcedor brasileiro tem memória curta.
Luis Alvaro merece algumas críticas, principalmente por ter permitido a contratação de jogadores que estão aquém do que um clube como o Santos precisa, por ter ficado refém de Neymar e ter permitido que Muricy Ramalho fizesse um esquema totalmente dependente do maior jogador do futebol brasileiro. A atual diretoria também teve erros na condução da saída de Ganso.
Outras tantas críticas contra Laor já foram feitas a exaustão e não cabe a mim ficar me debruçando sobre elas, pois não é o objetivo desse post. O Comitê Gestor me pareceu uma iniciativa inovadora, com bons propósitos, mas que até agora não deu certo, nem se mostrou eficaz, principalmente porque engessou o Santos.
Como bem disse meu amigo Bruno Cassucci, no blog Pé na Vila, do Lancenet, Luis Alvaro teve uma segunda gestão muito pior que a primeira pelos problemas de saúde que o fizeram ficar de fora do dia a dia do clube. O vice Odilio Rodrigues, seu substituto, não teve a mesma habilidade política para conter a fúria da oposição.
Mas isso não apaga tudo que Laor conquistou desde que assumiu o Santos. Um clube que recentemente vivia de raras conquistas venceu na sua gestão uma Libertadores, Copa do Brasil, três Paulistas, uma Recopa, além de ter sido vice-campeão mundial.
Laor serviu de modelo para o futebol brasileiro ao segurar Neymar por mais tempo, e conquistou o torcedor santista ao fazer com que Neymar jogasse ao lado de Robinho, dois dos maiores ídolos recentes do clube, ainda que somente por um semestre. Tudo isso, porém, parece que virou recordação para o álbum de figurinhas históricas do Peixe, e nada mais.
Mesmo que ainda volte antes do seu mandato terminar, Laor dificilmente conseguirá voltar ao mesmo patamar que tinha na sua primeira gestão. E ainda corre o risco de sair do Santos como vilão. O que seria uma injustiça para quem tanto proporcionou ao torcedor de memória curta.
Crédito da foto: Santos FC/Divulgação
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Grande, Renan! Muito lúcida e racional sua abordagem. O que reza a tradição é não esperar de torcedores a racionalidade de um comentarista, já que o chavão é que o torcedor (dis) torce. O mais razoável é que se separe os momentos, coisa que só a historia o fará. Uma hora herói, outra vilão; o tempo se encarregará de colocar tudo nos eixos. Parabéns pelo texto!
Muito obrigado, Milico! Grande abraço!