Doria dá a oportunidade ao jornalismo de mostrar que ainda tem valor

Desde que assumiu a prefeitura de São Paulo, João Doria mostrou uma preocupação excessiva com a comunicação de todos os seus atos de campanha. Ao contrário do antecessor Fernando Haddad, ele usa ativamente as redes sociais para mostrar, usando as suas palavras, que “São Paulo está acelerando”. Por ser um profissional da área, Doria tem a qualidade de entender o quanto a comunicação é importante em qualquer tipo de gestão.

Só que Doria dá mostras claras de que quer ditar o que vai ou não ser divulgado para os habitantes de São Paulo. Restringe o acesso a informação, principalmente quando se trata das críticas e reclamações dos munícipes. O prefeito desrespeita a Lei de Acesso à Informação e não repassa os dados sobre saúde. Faz campanha de marketing sobre a Cidade Linda e deixa de atender 3 entre 4 queixas de zeladoria. Diz que São Paulo recebeu R$ 255 milhões de doação em 88 dias, mas o dinheiro ainda não entrou em sua totalidade no caixa da Prefeitura.

Doria quer contar a história do jeito que bem entende. Quer que a realidade absoluta seja a que ele conta, independente se for verdade, meia verdade ou mentira. Aí que está a grande oportunidade que o prefeito dá ao jornalismo de mostrar que ainda tem valor.

Muito se diz que o jornalismo está morrendo. Ou que perdeu o valor. Estou com aqueles que dizem que o jornalismo nunca teve tantas oportunidades de mostrar que está mais vivo do que nunca. Afinal de contas, quem está para remar contra a maré e mostrar para a opinião pública que “não é bem assim” a história que João Doria conta?

A comunicação e o marketing podem servir para qualquer intuito. Para o bem ou para o mal. A população não tem tempo/interesse/vontade de checar se o prefeito está cumprindo tudo o que diz. Então precisa acreditar em alguém.

As grandes mídias estão desacreditadas porque vendem uma ideia de isenção que “não cola mais” com a população, que sempre acredita que existe algum interesse político por trás da divulgação de alguma notícia. Trocando em miúdos, ou o veículo é petista, ou tucano, ou “reaça”.

Já disse em outras oportunidades que o jornalismo precisa entender as demandas da população, mas não necessariamente se deixar levar por elas. Se existe um “oba-oba” sobre um determinado tema, é dever do jornalismo ir atrás da verdade, por mais cruel que ela seja.

A história da gestão João Doria precisa ser contada pelo bom jornalismo. Esta oportunidade não pode ser perdida.

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Todos deveriam fazer coaching

Coaching é um processo muito importante, para não dizer imprescindível, para evolução profissional e evolução no mercado de trabalho. Todos deveriam fazer. O investimento pode parecer alto, mas o retorno é garantido.

Não sou coach. Não represento um coach. Meu texto não tem o objetivo de divulgar o trabalho de ninguém. Pretendo nas próximas linhas dar um testemunho pessoal do quanto me sinto beneficiado por ter feito coaching. E incentivar quem ler este texto a fazer o mesmo.

Uma amiga da minha noiva tinha acabado de fazer um curso de formação de coach. Ela precisava de alguém para ser o ‘cobaia’. Para aplicar as teorias que ela aprendeu na sala de aula. Me perguntou se eu topava, e eu não pensei duas vezes para aceitar.

Nos encontros iniciais, admito que cheguei a pensar: o que estou fazendo aqui? Estou em uma conversa com uma psicóloga e ninguém me avisou? Será que isso vai dar certo?

Com o passar do tempo, tudo começou a fazer sentido…

Mas o que é coaching? Segundo o Instituto Brasileiro de Coaching (IBC), significa tirar um indivíduo de seu estado atual e levá-lo ao estado desejado de forma rápida e satisfatória. O processo de coaching é uma oportunidade de visualização clara dos pontos individuais, de aumento da autoconfiança, de quebrar barreiras de limitação, para que as pessoas possam conhecer e atingir seu potencial máximo e alcançar suas metas de forma objetiva e, principalmente, assertiva.

E como é feito o coaching? Vejam a explicação do mesmo IBC: Conduzido de maneira confidencial, o processo de coaching é realizado através das chamadas sessões, onde um profissional chamado coach tem a função de estimular, apoiar e despertar em seu cliente, também conhecido como coachee, o seu potencial infinito para que este conquiste tudo o que deseja.

O processo todo é muito importante. Mas claramente algumas coisas marcam mais que outras. Três anos depois do fim dos encontros, uma passagem me marcou muito.

Estava insatisfeito no trabalho, querendo mudar, mas não sabendo como. Foi aí que a coaching me fez uma pergunta aparentemente simples, mas que me ajudou MUITO a mudar.

Se você tivesse que trabalhar em algo que não te remunerasse, mas te desse prazer, o que você faria? Respondi sem pensar: viveria só do meu blog. Coincidência ou não, pouco tempo depois fui trabalhar em um site de jornalismo colaborativo.

No processo de coaching, você acaba tendo acesso a depoimentos de amigos e colegas de trabalho sobre o que eles enxergam de você. Isso também é revelador, porque muitas vezes você só entende o que precisa mudar se o diagnóstico vier de quem enxerga a situação de fora.

O coaching não é só um processo de evolução profissional. É uma forma de se conhecer melhor.

Sabia que 1 + 1 nem sempre = 2?

Se tem uma coisa que incomoda o autor destas linhas cada vez mais é o costume das pessoas de raciocinar, principalmente durante um debate de ideias, de forma lógica

Por isso, vai aqui uma provocação: 1 + 1 nem sempre é igual a 2.

Isso acontece muito na política. Se eu faço uma crítica ao PT, fatalmente receberei uma crítica do tipo: “é sustentado pelo PSDB”. Ou um ataque como: “é direita reaça”.

No futebol, meio em que trabalho, também existe uma ‘lógica’ de pensamento parecida. Se fulano critica o Corinthians, ele é palmeirense. Se é da imprensa, automaticamente faz parte da “PorcoPress”. O contrário é válido: se critica o Palmeiras, é corintiano. Se é jornalista, certamente faz parte da “Gambapress”.

E isso é muito claro. Não tem como existir outra opção. Não tem como o jornalista criticar o Palmeiras e ser palmeirense. É fora de qualquer lógica (este comentário contém ironia).

Mas…já parou para pensar se essa crítica é pertinente? Se tem embasamento? Se a pessoa mostrou argumentos? Se o autor da crítica tem um histórico de só apontar defeitos de um lado ou se é coerente em reconhecer qualidades e defeitos em ambos?

Hoje as pessoas estão preocupadas muito mais em fazer ataques que desqualifiquem o outro debatedor do que em qualificar o nível do debate. Por isso, não existe construção de ideias. O debate é cada vez mais pobre. E burro.

Ir além da lógica binária dá trabalho. Obriga a pensar. Faz a pessoa ir além do óbvio. Mas é recompensador. Vale ter em mente que a maioria das respostas é encontrada facilmente quando conseguirmos ir além daquilo que querem nos mostrar.

Para de pensar somente de forma lógica. Você só tem a ganhar com isso.

Não existe ‘função’ mais chata no trabalho do que a do fiscal

Já ouviu falar da função de ‘fiscal’ no trabalho? Se você respondeu que o seu trabalho não tem essa função, está muito enganado e precisa ficar mais atento.

O fiscal é aquela pessoa que prefere deixar de fazer a tarefa que lhe foi passada para saber se você está fazendo a sua tarefa. Pior: para espalhar para todos os colegas de trabalho que você não está executando o seu papel.

O fiscal é um ser nocivo ao bom ambiente do trabalho por alguns motivos. O primeiro deles é por eficiência: na maioria dos casos, ele deixa de fazer as tarefas que lhe cabe para monitorar os outros.

Outro motivo que o faz ser nocivo é o mais óbvio: se ele fala mal do colega, interfere na harmonia no ambiente, pois cria espaço para que outras pessoas manifestem as suas insatisfações ‘por debaixo dos panos’. A cultura da empresa passa a ser falar mal do outro até que a mensagem chegue ao superior deste outro.

Como identificar um fiscal? Simples: pelas atitudes. O fiscal ‘se entrega’. Se algum colega seu vier falar mal da postura do outro, ele já se torna um grande candidato a ser o fiscal da sua empresa.

Num mundo ideal, as pessoas que trabalham nas corporações, pequenas ou grandes, se preocupariam apenas em melhorar o seu trabalho. E só passariam a olhar para o trabalho do outro caso ocupem um cargo de chefia. Mas olhariam sempre com a intenção de melhorar o outro, não de depreciá-lo.

E você, qual papel você ocupa? O do fiscal ou de quem quer melhorar a empresa?

Já reparou que a culpa é sempre do outro e nunca é sua?

Escrevo estas linhas para propor uma reflexão: já reparou que a culpa é sempre do outro e não sua?

Assisti em mais de uma oportunidade ao programa Pesadelo da Cozinha, na Band, em que o renomado cozinheiro Erick Jacquin é chamado para resolver problemas de restaurantes que estão perto da falência.

Em em TODAS as oportunidades, os integrantes do (s) estabelecimento (s) sempre deram as mesmas razões para os problemas: “a culpa é do outro”.

Isso diz muito sobre nossos problemas – humanos e profissionais. Isso diz muito sobre as relações humanas.

Claro que o outro tem problema para resolver. Claro que o outro poderia sim ajudar o estabelecimento exibido no Pesadelo na Cozinha a ser melhor. Mas já parou para olhar se você pode ser uma pessoa melhor? Já parou para avaliar seus erros e acertos? Tentou ver onde pode evoluir?

Colocar a culpa no outro é o caminho mais fácil para ‘resolver’ o problema. Afinal de contas, você acaba se eximindo da responsabilidade e não pode obrigar a outra pessoa a mudar.

Mas só evolui a pessoa que entende que o caminho do aprendizado invariavelmente passa pelas dificuldades que surgem no nosso caminho e pela nossa capacidade de tentar superá-las.

Em resumo: você está culpando o outro e o problema persiste. Que tal mudar de estratégia e passar a culpar você? Talvez a solução para os seus problemas esteja aí.

Estamos preparando nossos jovens para o mercado de trabalho?

Queria compartilhar neste texto uma inquietude que tenho não é de hoje. E deixar o espaço aberto para o debate: estamos preparando nossos jovens para o mercado de trabalho? Não conheço todos os trabalhos das faculdades deste país, mas tendo a crer que a resposta seja não.

Antes de mais nada, queria avançar um pouco mais no tema. Claro que as faculdades ensinam aos alunos muito bem a teoria. Mas…só a teoria basta?

Vejam esta matéria da Revista Exame de dezembro. Ela é muito elucidativa e mostra uma pesquisa com dados preocupantes:

Entre os quase 1,3 milhão de jovens de 18 a 28 anos de idade inscritos em 94 processos seletivos de 53 companhias ao longo de 2015, somente 0,3% deles atendiam aos requisitos impostos pelas companhias. Eis a surpresa: entre os estudantes das universidades tradicionais e bem avaliadas, a taxa de aprovação também foi baixa: 3% dos candidatos com esse perfil conseguiram uma vaga nos processos de que participaram

A matéria traz mais dados, e é exatamente neste ponto que eu quero chegar:

O fator de eliminação de 54% dos candidatos foi a falta de domínio em nível intermediário ou superior da língua inglesa. Os demais problemas críticos, no entanto, são todos de ordem comportamental — um quesito que, de acordo com especialistas, afeta inclusive candidatos das escolas de primeira linha. O segundo pré-requisito não atingido por 45% dos inscritos está relacionado à capacidade de raciocínio lógico, análise e resolução de problemas. Mesmo entre os que atenderam a essas demandas, na maior parte dos casos deixaram a desejar na capacidade de argumentação, visão sistêmica e resiliência.

Sou entusiasta da ideia de que as escolas de ensino médio e as universidades devem se preocupar em estimular a capacidade de raciocínio lógico dos alunos, não apenas a habilidade de se assimilar determinados conceitos que o próprio aluno vai usar apenas no dia da sua avaliação e nunca mais.

Veja bem, ninguém está aqui para desprezar o ensino que é praticado hoje, mas sim para analisar a questão de uma forma mais ampla. Só para citar um exemplo, no Torcedores.com, site jornalístico que trabalho, tenho acesso a muitos colaboradores que estão nas faculdades de jornalismo. E me chama muito atenção o fato de que eles travam imediatamente no primeiro problema que aparece. Não buscam respostas. Querem a solução pronta.

E é exatamente o oposto do que as empresas procuram nos jovens profissionais.

O que está acontecendo hoje? As empresas estão buscando formar esse tipo de profissional já na faculdade.

Voltamos para a matéria da Exame: “Algumas das empresas envolvidas no projeto já tinham as próprias iniciativas para estimular e colocar à prova as habilidades de argumentação dos universitários antes de contratá-los. A fabricante de bens de consumo Unilever, dona de um dos programas de trainee mais tradicionais do Brasil, com 52 anos de existência, é um exemplo. Há três anos, a companhia propõe um desafio real, de marcas como o sabão Omo e a maionese Hellmann’s, para alunos de qualquer faculdade do mundo, com inscrição pelo site”.

Aí eu pergunto: isso não poderia ser desenvolvido pelas próprias universidades? Será que não está na hora de uma reforma, ou adaptação curricular?

Com a palavra, os educadores.

Pagar contas ou fazer o que gosta: Quem nunca viveu esse dilema no trabalho?

A atual fase do país ‘proporciona’ que os profissionais do mercado de trabalho vivam alguns dilemas. Quem nunca parou para pensar se vale mais trabalhar para pagar as contas ou trabalhar fazendo o que gosta?

Claro que a resposta ideal para essa pergunta é: gostaria de trabalhar fazendo o que eu gosto e ganhar dinheiro com isso. Mas infelizmente nem sempre isso é possível.

Porém, acredito que essa tem que ser a meta de vida de todo profissional. Afinal de contas, vivemos na menor das hipóteses 1/3 de nossos dias no nosso trabalho. Como é possível ter uma vida feliz se passarmos tanto tempo do nosso dia infelizes?

“Ah, mas a profissão/função que eu seria feliz não é valorizada pelo mercado, paga muito pouco e tem poucas oportunidades, então não vale a pena”. Será que essa é a realidade mesmo ou você não se dedicou o necessário em busca de uma boa oportunidade nesta área?

“Mas como eu posso me dedicar em busca desta oportunidade se eu tenho que trabalhar para pagar as minhas contas?”. De fato, é uma encruzilhada. Mas existe sim uma saída.

A saída com certeza não passa por “jogar tudo para o alto”. Por mais que muitas vezes seja a vontade, tomar esse tipo de atitude em um mercado tão fechado como esse passa a ser um tiro no pé. Afinal, as contas não vão parar de chegar, não é mesmo?

Acredito que a primeira coisa é você saber o que realmente quer. Ter foco. “Quero exercer a profissão X”. Com essa certeza, vale você ver: “Quantas horas do meu dia eu posso me dedicar para buscar alguma oportunidade interessante na profissão X?”

Resumindo: o ideal é você buscar aquilo que te dar prazer profissional ao mesmo tempo em que está no lugar que não te dá prazer profissional. Trabalhar 8, 9, 10 horas em um e dedicar 1, 2, 3 horas para achar o outro.

“Ah, mas é estressante ter uma rotina assim”. Quem disse que o caminho para chegar no paraíso é fácil?

Por que podamos os que pensam “fora da caixa” ou diferente de nós?

Escolha uma área qualquer. Esportes, política, entretenimento, cidades, estilo de vida. Pare para pensar: você aceita quem pense diferente de você em alguma dessas áreas? Você enxerga essa diferença como uma possibilidade de aprendizado e de um debate saudável?

Se você disse sim para essas duas respostas, você está de PARABÉNS. Agora o seu colega ao lado, pensa da mesma forma do que você? Você tem presenciado ou ouviu algo positivo sobre debates em que todos expõem os seus argumentos e aceitam o argumento dos outros? Provavelmente você dirá não para ambas as respostas.

Agora peço a licença para perguntar mais duas coisas: Por que podamos os que pensam “fora da caixa”? Ou podamos os que “apenas” pensam diferente de nós?

Arrisco a dizer que hoje vivemos uma “cultura da imposição”. O que quero dizer com isso? Quero dizer que é uma cultura em que as pessoas estão mais preocupadas em “vencer” debates do que aprender com eles. Estão mais preocupadas em fazer a outra pessoa se render e dizer: “ok, você venceu” do que necessariamente expor os seus argumentos e aprender com o do outro. Isto é péssimo porque empobrece o debate. Pouco importa se eu saí vencedor de uma discussão ou não. O que importa é o que eu aprendi com ela.

As pessoas que pensam “fora da caixa” incomodam porque geralmente são vistas como uma ameaça. Como assim, fulano está propondo isso? E se o chefe aprovar? Vou perder o meu prestígio.

Vivemos em uma sociedade que valoriza o cumprimento de tarefas. Que valoriza àqueles que obedecem os processos e sabem executá-los da melhor forma. Neste aspecto, se você propõe algo diferente, muitas vezes é visto como uma ameaça.

Em tempo: acredito nos processos. Acho que de fato eles nos ajudam a melhorar o nosso trabalho. Aprendo diariamente a executar, mensurar e mudar (se for o caso) os processos.

Acredito também nas regras, principalmente como um modo de proporcionar que todos trabalhem de forma saudável em uma comunidade. Mas acho que antes da regra, vem o bom senso. E que as regras não podem acabar com os talentos. Já vivenciei muitas situações em que pessoas usaram das regras para podar quem pensa fora da caixa. Isto acaba criando uma “cultura da mediocridade” que é péssima para o ambiente de trabalho. E para a sociedade como um todo.

Se eu puder deixar apenas uma mensagem com esse texto, certamente seria: pare de enxergar quem pense diferente de você ou quem pense “fora da caixa” como uma ameaça. Perceba que pode ser uma excelente oportunidade de crescimento e/ou aprendizado.

Por uma geração que esteja preparada para escolher o que quer

Nesta última semana, dois textos tiveram bastante repercussão, principalmente nas redes sociais, pois abordavam um mesmo assunto de pontos de vista opostos.

Ruth Manus, em seu blog no Estadão, falou sobre A geração que encontrou sucesso no pedido de demissão. A blogueira ilustrou a sua argumentação da seguinte forma: “O cenário é mais ou menos esse: amigo formado em comércio exterior que resolveu largar tudo para trabalhar num hostel em Morro de São Paulo, amigo com cargo fantástico em empresa multinacional que resolveu pedir as contas porque descobriu que só quer fazer hamburguer, amiga advogada que jogou escritório, carrão e namoro longo pro alto para voltar a ser estudante, solteira e andar de metrô fora do Brasil, amiga executiva de um grande grupo de empresas que ficou radiante por ser mandada embora dizendo “finalmente vou aprender a surfar”.

Alguns dias depois, aqui nesta plataforma do Linkedin, Yasmin Gomes, talvez indignada com a aprovação ao texto (“Tive cólicas de tanto rir”), escreveu uma publicação em que falava sobre A juventude que não pode largar tudo para viajar o mundo. “Eu acho lindas as histórias da “geração que encontrou o sucesso no pedido de demissão”, mas elas podem gerar um sentimento de depressão muito maior do que de inspiração”, argumentou.

Compartilhei ambos os textos na minha timeline do Facebook. No último, fiz o seguinte comentário: Interessante o contraponto, apesar do tom rancoroso da autora. Existe gente que largou tudo e foi fazer do que gosta e teve sucesso, assim como existe gente que não consegue fazer nada disso porque tem contas a pagar e obrigações a cumprir. Acho que devíamos parar de achar que tudo é 8 ou 80. Isso empobrece o debate. Devemos é ler estas experiências de vida e buscar o que for melhor pra nós

Gostaria de aproveitar este espaço daqui e ir além. Faço votos para que esta geração (ou a próxima) esteja preparada em todos os sentidos: econômica, educacional e psicologicamente para escolher o que bem entender.

Hoje em dia, muitas pessoas são infelizes no trabalho ou no cargo que ocupam, mas ‘aceitam’ porque a remuneração permite que elas tenham uma vida interessante/agradável/feliz fora do trabalho. Muitas pessoas aceitam a infelicidade profissional porque “tem bocas para sustentar”, ou porque “jogar tudo pro alto” significa impactar diretamente na vida das pessoas que elas amam.

Tenho certeza que boa parte destas pessoas repete como se fosse um mantra: “se eu pudesse, largaria tudo e venderia brigadeiro”. Aí que eu pergunto: será que seria assim mesmo? Não basta você ter liberdade para jogar tudo pro alto. Você precisa estar “bem resolvido” na sua cabeça de que esta é realmente a melhor decisão a ser tomada. Afinal de contas, você vai ter que administrar as consequências da sua decisão.

O advento das novas tecnologias e o crescimento econômico recente do nosso país nos últimos anos permitiram aos brasileiros realizar escolhas complexas. Desde “largar tudo e trabalhar em um hostel” a “me manter infeliz neste trabalho porque ele me dá pouco dinheiro, mas o suficiente para sobreviver”.

Mas, como bem ilustra o filósofo Mário Sérgio Portella nesta entrevista para a BBC Brasileste cenário tão complexo gera crises e dúvidas existenciais.

“A lógica para minha geração foi mais fácil. Qual era a lógica? Crescer, estudar. Era escola, e dependendo da tua condição, faculdade. Não era comunicação em artes do corpo. Era direito, engenharia, tinha uma restrição. Essa overdose de variáveis gerou dificuldade de fazer escolhas. Isso produz angústia em relação a esse polo do propósito. Por que faço o que estou fazendo? Faço por que me mandam ou por que desejo fazer? Tem uma série de questões que não existiam num mundo menos complexo. Não foi à toa que a filosofia veio com força nos últimos vinte anos. Ela voltou porque grandes questões do tipo “para onde eu vou?”, “quem sou eu?”, vieram à tona”.

Era mais fácil não ter que decidir porque existiam poucos caminhos a serem seguidos. Hoje é muito mais complexo: temos várias opções para escolhermos o que é bom para nós. Estes casos de sucesso citados por Ruth Manus em seu texto mostram que existem saídas. Comprovam que ‘basta’ seguir o caminho destas pessoas? Não. Cada um tem a sua realidade. Mas pode aproveitar estas boas histórias para construir a sua própria trajetória de felicidade.

Tudo isso posto, gostaria de encerrar deixando a seguinte mensagem: antes de tomar uma decisão tão drástica que acarretará consequências radicais na sua vida, se pergunte: você está preparado para seguir em frente? Está disposto a assumir os riscos? Se a resposta for sim para as duas perguntas, não tenho dúvidas em aconselhar:

SE JOGUE!

Opinião: Mesmo com erros, LAOR foi um dos melhores da história do Santos

Mesmo com todos os erros, Luís Álvaro de Oliveira Ribeiro, o LAOR se despede desta vida como um dos maiores presidentes da história do Santos.

Para mim, o maior dos erros dele foi ter se deslumbrado depois do título da Libertadores. Se sentiu imbatível, e se afundou na soberba. Ele também foi mal duas vezes em assuntos relacionados a Neymar: em 2010, não deveria ter demitido Dorival Junior. Em 2011, foi protagonista da estranha carta em que autorizou o jogador a ir pro Barcelona antes da final do Mundial de clubes. Nos deixou sem contar a história completa do que aconteceu.

Parenteses feito, também é preciso reconhecer que LAOR levou o Santos a outro patamar. Fez o torcedor se acostumar a pelo menos um título por ano. Ajudou a resgatar a grandeza do Santos. Manteve Neymar por um tempo muito maior que o esperado.

Achei triste ele ter morrido praticamente no ostracismo. Nesta ânsia de querermos crucificar alguém, ele entra para a história mais como vilão do que como alguém que tornou o Santos melhor, o que a meu ver é uma pecha injusta.

Descanse em paz, LAOR. Que Deus conforte a família

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