
O BBB mais uma vez virou o assunto do Brasil. Mas desta vez sob uma perspectiva muito mais pesada: um participante (Lucas) abandonou o programa e o outro está louco para ser eliminado no paredão desta terça (Bill), chegando ao ápice de sua mãe e da equipe que atualiza as suas redes sociais fazerem campanha para que o público vote para que ele saia da casa.
O BBB assumiu o papel na Globo que antes cabia às novelas de retratar o que acontece na sociedade. Brigas, intrigas, traições…esse sempre foi um enredo clássico BBB sim BBB também. Só que a edição de número 21 do programa trouxe um componente brutal: o terrorismo psicológico.
Nunca antes na história do BBB os participantes eram alvos de jogos psicológicos com o intuito de isolá-los e de fazê-los sentir “o cocô do cavalo do bandido”. Com a desculpa de que são bons jogadores e aceitando o papel de vilôes, nomes como Karol Conká e Negro Di segregam, confundem e manipulam quem eles não gostam, e ainda jogam a casa contra essas pessoas. Lucas e Bill foram alvos. Gilberto e Sarah tem tudo pra ser.
Aí voltamos ao ponto inicial do texto: até onde vai o limite do BBB? O BBB tem que ser o retrato da sociedade? Ou ele pode assumir o papel de regulador moral e agir para conter excessos?
Outro ponto a ser questionado: até que ponto as marcas vão aceitar investir dinheiro em uma edição de um programa que expõe terrorismo psicológico neste nível? Que faz com que o público, já extremamente desgastado por uma pandemia brutal que assola o Brasil há um ano, se sinta exposto a este espetáculo do masoquismo? As marcas vão aceitar estar associadas a valores como esses? Vale tudo por bons números de audiência?
Meu pitaco: acho que para tudo tem limite. E o BBB não deveria fugir à regra. A direção deveria estipular punições para quem tem atitudes como fazer terrorismo psicológico com o outro (só para citar um exemplo). Os participantes deveriam ser comunicados das regras que precisam ser respeitadas.
Confesso que cheguei num ponto de temer pelo Lucas tentar tirar a vida dele no meio do programa. Vocês já imaginaram a consequência de um ato dramático como esse na história da televisão brasileira? É isso que queremos? É isso que precisamos?
De tragédia já basta o dia a dia do Brasil da pandemia, não?