As grandes empresas estão começando a entender que o Brasil mudou

O caso de assédio sexual envolvendo o ator José Mayer e a figurinista Susllem Tonani tem tudo para ser um divisor de águas na forma como as grandes empresas compreendem o Brasil.

“Nunca antes na história desse país” uma empresa do porte da TV Globo escancarou um problema de forma tão aberta como fez neste caso. Tudo isso é uma prova de que a mobilização das pessoas nas redes sociais pode sim fazer a diferença.

Como mostra a foto acima, várias funcionárias de diferentes áreas da TV Globo, incluindo atrizes de prestígio na casa, se mobilizaram e criaram a campanha “mexeu com uma, mexeu com todas”, com camisa e hashtag nas redes sociais, em apoio a Susllem e protesto contra a atitude de José Mayer.

A Globo, que antes tinha adotado a postura de resolver o caso internamente e esperar a poeira baixar, diante da pressão das atrizes da emissora no último domingo (informação do jornalista Daniel Castro, do site Notícias da TV), resolveu torná-lo público. Deu razão para a acusação da figurinista, anunciou a suspensão de José Mayer por tempo indeterminado e tratou do caso até no Jornal Nacional. Parece pouco, mas já é uma vitória e tanto no meio televisivo como um todo, conhecido muito mais pelo “teste do sofá” do que pelo respeito ao próximo.

Faço minhas as palavras de Daniel Castro neste mesmo texto: “Ao suspender Mayer de suas funções, estimular um movimento feminista nos seus corredores e forçar o ator a admitir o erro, a Globo passou uma imagem de empresa moderna e sintonizada com o seu tempo”. Ponto para a emissora.

Vale ressaltar que não é de hoje que a Globo toma atitudes neste sentido. O tabu do beijo gay entre homens nas novelas foi quebrado.

O programa “Amor e Sexo”, liderado pela apresentadora Fernanda Lima, recentemente abordou o tema discussão de gênero. O cantor Lineker interpretou a canção “Geni e Zepelin”, de Chico Buarque, e emocionou ao adaptar o seguinte trecho para usar como um desabafo.

“Não joga [pedra na Geni]! O Brasil é um dos países que mais mata travestis, transexuais, homossexuais e bissexuais no mundo. Basta! Só assim podemos nos redimir”.

Não foi somente a Globo que mudou de postura. A Ambev, por meio de um dos seus produtos, a Skol, fez uma autocrítica muito interessante ao lançar uma campanha para retirar cartazes machistas de bares. “ Isso não nos representa mais” (confira a campanha no vídeo).

“Não é uma forma de pedir desculpa, é uma forma de evoluir junto com o mundo, sem negar o que aconteceu de fato”, disse ao G1 a diretora de marketing de Skol, Maria Fernanda de Albuquerque. “É uma virada de página. É uma megarreflexão de olhar e admitir que não faz sentido aquilo existir”.

Este texto não pretende ser ufanista ou ingênuo. Não existe empresa 100% boazinha. As empresas sabem que, para conseguir lucro, precisam estar conectadas com a realidade do mundo em que vivem. E tudo isto colocado nos parágrafos acima mostra que, aos poucos, as empresas estão percebendo que as noções de mundo estão mudando. Nestes casos, para melhor. Que estes exemplos no mercado passem a ser mais regra e menos exceção.

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