Estamos preparando nossos jovens para o mercado de trabalho?

Queria compartilhar neste texto uma inquietude que tenho não é de hoje. E deixar o espaço aberto para o debate: estamos preparando nossos jovens para o mercado de trabalho? Não conheço todos os trabalhos das faculdades deste país, mas tendo a crer que a resposta seja não.

Antes de mais nada, queria avançar um pouco mais no tema. Claro que as faculdades ensinam aos alunos muito bem a teoria. Mas…só a teoria basta?

Vejam esta matéria da Revista Exame de dezembro. Ela é muito elucidativa e mostra uma pesquisa com dados preocupantes:

Entre os quase 1,3 milhão de jovens de 18 a 28 anos de idade inscritos em 94 processos seletivos de 53 companhias ao longo de 2015, somente 0,3% deles atendiam aos requisitos impostos pelas companhias. Eis a surpresa: entre os estudantes das universidades tradicionais e bem avaliadas, a taxa de aprovação também foi baixa: 3% dos candidatos com esse perfil conseguiram uma vaga nos processos de que participaram

A matéria traz mais dados, e é exatamente neste ponto que eu quero chegar:

O fator de eliminação de 54% dos candidatos foi a falta de domínio em nível intermediário ou superior da língua inglesa. Os demais problemas críticos, no entanto, são todos de ordem comportamental — um quesito que, de acordo com especialistas, afeta inclusive candidatos das escolas de primeira linha. O segundo pré-requisito não atingido por 45% dos inscritos está relacionado à capacidade de raciocínio lógico, análise e resolução de problemas. Mesmo entre os que atenderam a essas demandas, na maior parte dos casos deixaram a desejar na capacidade de argumentação, visão sistêmica e resiliência.

Sou entusiasta da ideia de que as escolas de ensino médio e as universidades devem se preocupar em estimular a capacidade de raciocínio lógico dos alunos, não apenas a habilidade de se assimilar determinados conceitos que o próprio aluno vai usar apenas no dia da sua avaliação e nunca mais.

Veja bem, ninguém está aqui para desprezar o ensino que é praticado hoje, mas sim para analisar a questão de uma forma mais ampla. Só para citar um exemplo, no Torcedores.com, site jornalístico que trabalho, tenho acesso a muitos colaboradores que estão nas faculdades de jornalismo. E me chama muito atenção o fato de que eles travam imediatamente no primeiro problema que aparece. Não buscam respostas. Querem a solução pronta.

E é exatamente o oposto do que as empresas procuram nos jovens profissionais.

O que está acontecendo hoje? As empresas estão buscando formar esse tipo de profissional já na faculdade.

Voltamos para a matéria da Exame: “Algumas das empresas envolvidas no projeto já tinham as próprias iniciativas para estimular e colocar à prova as habilidades de argumentação dos universitários antes de contratá-los. A fabricante de bens de consumo Unilever, dona de um dos programas de trainee mais tradicionais do Brasil, com 52 anos de existência, é um exemplo. Há três anos, a companhia propõe um desafio real, de marcas como o sabão Omo e a maionese Hellmann’s, para alunos de qualquer faculdade do mundo, com inscrição pelo site”.

Aí eu pergunto: isso não poderia ser desenvolvido pelas próprias universidades? Será que não está na hora de uma reforma, ou adaptação curricular?

Com a palavra, os educadores.

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