Texto originalmente publicado no Torcedores.com
Fiz questão de escrever este texto para manifestar a minha indignação com algo que vem acontecendo constantemente na cobertura do futebol no Brasil: jornalistas perseguidos pela torcida. Até quando isso continuará acontecendo e ninguém fará nada para acabar este problema?
O último caso ocorreu com o ótimo repórter Tiago Maranhão, do Sportv. Ele trabalhou pelo canal na cobertura de Palmeiras 3 x 0 Rio Claro, na última quinta-feira, pelo Paulistão. Cumpriu muito bem com o seu dever jornalístico (assim como os operadores de imagem da emissora, diga-se de passagem) ao relatar uma irregularidade cometida por o auxiliar Omar Feitosa, do Palmeiras, durante a partida.
O que a torcida do Palmeiras fez? Ao invés de entender que um funcionário do clube cometeu uma infração, passou a perseguir o repórter no Twitter a tal ponto que ele se viu obrigado a excluir a sua conta nesta rede social.
Aí que eu faço duas colocações ao torcedor do Palmeiras, que o chamou injustamente de ‘dedo-duro’.
– Que prova vocês tem de que o repórter dedurou a informação para o trio de arbitragem? Olhei a cena mais de uma vez, e dá para ver claramente que ele não fez nada.
– Ainda que ele tivesse feito isso, qual foi o seu erro? Que hipocrisia é essa que absolve quem cometeu o erro e condena quem relatou?
Não é a primeira vez que uma covardia como essa é cometida pelos ‘valentões da internet’, que muitas vezes se escondem atrás de perfis falsos para ofender quem está trabalhando, e incitar outras pessoas a fazer o mesmo.
A colega Ana Thaís Matos, que também faz um bom trabalho na Rádio Globo/CBN, recentemente foi perseguida de forma covarde. O motivo? Postagens nas redes sociais que, na visão torta dos torcedores do Palmeiras, inviabilizariam a sua permanência como setorista do clube. Argumento ruim, para dizer o mínimo. Sou testemunha da dedicação da profissional para executar o seu trabalho da melhor maneira possível.
Eu já fui alvo de ‘valentões’ desse tipo. Quando trabalhava como setorista do UOL Esporte, recebi ameaças via Twitter de torcedores.
Por isso, a minha indignação maior é com quem nos representa. Até quando as nossas entidades de classe vão assistir a isso e não vão fazer nada?
Nós jornalistas esportivos precisamos nos sentir seguros para fazer o nosso trabalho. Fazer nota de repúdio não basta. Precisamos de ações mais efetivas.