Sou jornalista for formação e segui em esportes por uma mistura de paixão e oportunidade. Nestes 10 anos que estou na profissão, costumo me fazer perguntas.
Por que o jornalista ganha mal e tem um dissídio anual pequeno? Por que jornalista não faz greve? Por que jornalista não se mobiliza quando um colega é injustiçado? Por que o jornalista fica quieto quando não é defendido publicamente pelo seu chefe?
Acho que cheguei a uma resposta. Cada vez mais tenho certeza que o jornalista pertence a uma classe que se destroi sozinha.
Por que digo isso? Digo por ver o prazer no colega de profissão de criticar o trabalho do outro. Antes era em conversas reservadas. Com o advento das redes sociais, agora é em público mesmo. Só está faltando citar nominalmente o criticado, o que não deve demorar a acontecer.
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Jornalista geralmente é odiado porque ‘põe o dedo na ferida’ (ao menos, deveria colocar). É odiado porque “distorce uma chamada só para ter mais audiência”.
Mas posso dizer uma coisa para você que não é jornalista: já vi casos que a pessoa que mais odeia um determinado jornalista é…um colega de profissão!
Vivemos num mundo onde qualquer um acha que pode ser jornalista. Até o diploma não é mais tão importante quanto era anos atrás. Nossa profissão está desvalorizada.
Costumo dizer que jornalista escreve para jornalista. Uma porque o colega de profissão é uma das únicas pessoas que lê uma matéria e vai ver quem assinou. Outra porque o ápice da vaidade no jornalismo é dar RT no elogio do outro – de preferência, um jornalista.
Se a gente dá tanta importância para a opinião do colega, por que não se unir a ele? Tenho certeza que se ao menos houvesse um ‘pacto de não agressão’, já seria um bom caminho para a nossa profissão ser mais valorizada.
Infelizmente, jornalistas brasileiros, e por conseguinte, o jornalismo local como um todo, não sabem (e muitas vezes, evitam/não querem), emitir opinião institucional. Ficam nas falácias mundanas, pois é mais fácil e dá menos dor de cabeça. E quem os pode criticar com embasamento? Outro igual, quase sempre! Basta ver o que ocorre em época de eleições. É um tal de medir índices, de se buscar isso ou aquilo no candidato oposto ao que paga, ou potencialmente irá fazê-lo, sem sequer exprimir opinião própria. Se o Brasil é exponencialmente corrupto, muito se deve ao jornalismo de péssima qualidade que praticamos, onde o “se dar bem” vale mais do que “ficar bem”. Belo texto no qual faço coro, meu caro Prates.