
São vários os problemas que assolam o futebol brasileiro – e esse drama não é de hoje. Mas, como estamos numa época de ‘caça às bruxas’, vou dar a minha contribuição ao tema com a seguinte constatação: cada vez mais tenho a certeza de que faltam jogadores inteligentes no futebol brasileiro.
No último domingo, parei para assistir à Fluminense x Santos na TV. Comprovei uma sensação que já tinha: falta inteligência dentro dos gramados brasileiros. E o que quero dizer com isso? Faltam jogadores que leiam o jogo. Que usem o raciocínio para escapar da marcação adversária.
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Uma cena no jogo que me chamou atenção: o Fluminense do técnico Cristóvão Borges marcava com linhas bem definidas. O que faziam os jogadores de ataque do time de Oswaldo de Oliveira? Se escondiam entre as linhas. Poucas vezes vi alguém se aproximando para buscar a bola, ou fazer uma tabela. Raras vezes vi alguém se movimentando só para criar espaço.
Todos estão querendo reformar o futebol brasileiro depois do que aconteceu na fatídica semifinal da Copa no Maracanã. A Alemanha não deu somente uma aula ao Brasil de como criar uma estrutura vencedora no futebol naquele 7 a 1. Os jogadores alemães deram uma aula de como se movimentar em campo.
Os sete gols da Alemanha foram desenhados não somente por falhas da defesa brasileira, mas muito pela inteligência dos alemães, que faziam movimentações estratégicas em lances de jogo, ainda que fosse para nem encostar na bola. O jogador da seleção alemã sabia naquele jogo que, se deslocasse o marcador para o canto, poderia criar um buraco para seu companheiro atuar ali.
A entrevista de Neymar, o melhor jogador do futebol brasileiro na atualidade, foi simbólica para representar o nível do atraso dos brasileiros em relação aos alemães nesse aspecto. “Não sei de tática, não me preocupo com isso”, declarou ao programa Fantástico, da TV Globo.
O buraco é muito mais embaixo.
Texto originalmente publicado no site Torcedores.com. Seja um colaborador!