Uma semana atrás, o grande Tostão, em sua coluna na Folha de S. Paulo, escreveu algo que me chamou atenção. Vou reproduzir o que ele ponderou na íntegra:
“Os comentaristas gostam de elogiar a maneira de jogar dos times europeus, com dois volantes que marcam e apoiam, alternadamente, com um meia de cada lado, que ataca e defende, e outro mais centralizado e próximo do centroavante. Quando Oswaldo de Oliveira faz o mesmo no Santos, os mesmos entendidos, como Nelson Rodrigues gostava de chamar os analistas, falam que o time fica muito ofensivo e que só pode jogar desta maneira contra os pequenos”.
Concordo com a argumentação de Tostão e chego na seguinte conclusão: reclamamos do atraso dos técnicos no Brasil, mas temos parcela de culpa no problema.
Afinal de contas, se o técnico escala reservas, aqui no Brasil, isto é interpretado como time misto e um risco para o campeonato. Se vem da Europa, vira “estratégia correta para prevenção de lesões”.
O Audax, do técnico Fernando Diniz, se destacou no Paulistão por propor um estilo de jogo de toque de bola, em que até o goleiro tem uma participação efetiva nesta estratégia. Mas muitos de nós, da opinião pública, qualificamos o esquema como “suicida”. Se viesse de uma potência europeia, seria “inovador”.
Será que isso faz parte de algum complexo de nossa parte? A grama de lá SEMPRE é mais bonita do que a de cá?
Não sou advogado dos técnicos brasileiros, nem acho que os mesmos estão em atualizados em relação aos europeus. A breve carreira de Pep Guardiola é um bom exemplo de que ainda existe um abismo entre a excelência dos treinadores daqui se comparada com a excelência dos treinadores de lá. O que proponho neste espaço, por meio de uma provocação, é fazermos uma reflexão: será que não tem nenhum trabalho dos profissionais daqui que possa ser elogiado?
Ao não reconhecermos quem sai do lugar comum, colaboramos para que o futebol do Brasil continue na mesmice enfadonha que sempre acabamos criticando. Será que não está na hora de revermos alguns conceitos?
Crédito da foto: Julio Cesar Guimarães/UOL
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A maior prova de que você está certo: Adilson Batista é injustiçado. Seus maus resultados se devem justamente ao linchamento que ele recebe em cada clube em pouco tempo de trabalho.
Exatamente, Zé! Concordo muito!