Nesta quarta-feira, o Bom Senso FC sofreu, ao meu ver, o seu mais duro golpe: a saída de Paulo André para o futebol chinês. Por mais que o movimento tenha nomes representativos como Rogério Ceni e Dida, o zagueiro era a maior representação de um grupo de jogadores que luta para melhorar as condições da prática do futebol no Brasil.
Para a opinião pública, se o Bom Senso FC pudesse ser resumido em apenas um jogador, Paulo André seria o escolhido, por ser entre os atletas aquele que menos tem medo de ‘por o dedo na ferida’, sem temer as consequências do fato. O zagueiro disse que continuará ajudando da China, mas o seu poder de influência e atuação será bem menor.
Além de Paulo André, saíram do movimento o agora técnico Seedorf (foi dirigir o Milan) e o meia Juninho Pernambucano, que anunciou sua aposentadoria, outras baixas significativas.
Por questão de estratégia, o Bom Senso FC tinha prometido uma trégua até a Copa do Mundo. O episódio da invasão dos corintianos ao CT e a ameaça a alguns jogadores mostrou fragilidades do movimento, que se dividiu sobre a possibilidade de paralisar o Paulistão com uma greve.
Além disso, ficou claro que os atletas do Interior não apoiam tanto o Bom Senso quanto deveriam. Segundo matéria da Folha, os jovens temiam deixar de receber salário ou serem tachados de grevistas.
Por isso, fica a dúvida: o Bom Senso FC perdeu seu espaço? Tomara que não. Se Paulo André se foi, que surjam outros líderes capazes de conduzir o movimento, como o goleiro Fernando Prass e o ex-lateral Paulo César. O que não pode é uma ação louvável como essa ficar sem força, ou até acabar. Seria a maior derrota do futebol brasileiro neste ano.
Crédito da foto: AgNews
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