Hoje foi um dia difícil para quem é apaixonado pelo futebol brasileiro. Dia que as decisões (Flamengo x Atlético-PR e Ponte Preta x São Paulo) ficaram em segundo plano e deram lugar às tragédias e lamentações.
No início da tarde, um acidente trágico com duas mortes no novo estádio do Corinthians, em Itaquera. A necessidade de se apressar as obras dá margem para problemas. As explicações ainda são confusas e os episódios que se sucederam a ele, como a agressão ao repórter da Folha de S. Paulo e a transferência de culpa de Andrés Sanchez para um dos mortos, são lamentáveis.
Mas mais lamentável é o espírito de porco dos torcedores, que conseguem tornar até uma tragédia como esta assunto de disputas clubísticas. Alguns idiotas se acham no direito de fazer piada sobre um tema tão delicado. A ignorância das pessoas é tão grande que vejo torcedores perguntarem nas redes sociais porque não houve a mesma ‘censura’ para as piadas que foram feitas quando um operário morreu na arena palmeirense como agora ocorre para os que brincam sobre o ocorrido no estádio corintiano. É algo para se questionar se a humanidade é mesmo algo que deu certo.
Crédito da foto: José Ricardo Leite/UOL
Crédito: Divulgação/Site do Botafogo
Morre a enciclopédia do futebol
Quase no final da tarde, morreu um dos maiores jogadores da história do futebol brasileiro. Nilton Santos, a enciclopédia do futebol, talvez o maior lateral esquerdo que este Brasil já viu em campo.
Nilton Santos começou a se despedir de nós em 2007, quando convalescido pelo mal de Alzheimer, passou a viver de uma forma mais reclusa e a se desconectar do mundo. O que me entristece é perceber que ele, assim como muitos exemplos no país, não teve a devida homenagem em vida. Será que terá após a sua morte?
Não morre apenas um grande jogador. Morre um dos exemplos do futebol que não era pasteurizado fora de campo, dominado pelas declarações iguais que não podem fugir do politicamente correto. Graças ao Twitter, tive acesso a uma entrevista que ele concedeu para a colega Joanna de Assis para a Revista Placar, em 2005. Dos muitos trechos antológicos, destaco este.
Quais as funções que o senhor recebeu agora no Botafogo?
No Botafogo, eu não queria aquela incumbência de ter de ir lá. mas aceitei. Vou de vez em quando, para falar com os atletas. Mas está cheio de gente enciumada… Fui na vitória do Botafogo diante do Vasco, parecia que eu havia jogado! “Ah, Nilton, você é pé-quente!” Sim, sou pé-quente mesmo, nunca perdi uma decisão! Tenho 26 títulos… Mas eu vim aqui para torcer, aí vem uma pessoa e fala: “Gostou de ganhar?” Dããããã! Não… Odiei, achei uma merda. Eu gosto é de perder (irônico); Dá licença, né? Cada perguntinha…
Descanse em paz, Nilton Santos!