Ganhou eco na mídia brasileira o Bom Senso FC, movimento idealizado por lideranças entre os principais jogadores do país e que agora amealha cada vez mais adeptos. Eles tentam interceder junto à CBF e Globo por melhorias no futebol brasileiro. Se uma classe antes desunida como a dos boleiros consegue, enfim, reivindicar pelos seus direitos, por que profissionais esclarecidos como nós jornalistas não conseguimos fazer o mesmo?
Pensando…pensando…pensando… em respostas para esta pergunta, acho que cheguei a um caminho. O jornalista tem um quê de masoquista, como se estivesse atado a um destino de sofrer por um ideal, uma missão. Como se as dificuldades fossem inerentes a profissão e, por isso, a solução era ter sido mais esperto na hora de escolher a faculdade certa, não agora já formado. O medo de perder o emprego também influencia, porque o mercado está cada vez mais limitado. Ou seja: nada é ruim que não possa ficar pior.
Outro fator complicador é que o jornalista, em linhas gerais, é um ser egoísta e individualista, e por isso não se vê como classe. Geralmente é um profissional que se une com os demais apenas na indignação por alguma demissão injusta deste ou aquele colega, mas a união costuma se resumir a desabafos compartilhados nas redes sociais.
Não estou aqui defendendo um motim generalizado “contra as empresas escravizadoras da mão de obra jornalística brasileira”. O que proponho é um exercício para percebermos que se até alguns jogadores que ganham milhares de reais de salário por mês resolveram deixar a inércia e a letargia de lado a fim de buscar melhorias nas condições de trabalho com propostas bem razoáveis, por que nós, que no geral ganhamos muito menos, não podemos fazer o mesmo na base do diálogo? O bom exemplo às vezes pode vir de onde a gente menos espera.
Crédito da foto: Divulgação/Bom Senso FC
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