O técnico Muricy Ramalho ficou conhecido pela filosofia de “aqui não é conversinha, é trabalho”, o que trocando em miúdos, significa: “não gosto de fazer propaganda de mim mesmo, gosto apenas de trabalhar”. Apesar de não admitir, o atual treinador do São Paulo é muito bom de marketing.
A eficiência de Muricy nesta área pode ser explicada pelo simples questionamento: você defender que não faz marketing não é uma forma eficiente de fazer marketing? Afinal de contas, ele impõe sua marca ao fã de futebol, que o reconhece por “trabalhar muito e falar pouco”.
Ninguém aqui está negando os méritos de Muricy dentro de campo. Como já defendi em outras postagens sobre ele, os títulos são a maior prova da sua capacidade. Com seu jeito simples, trabalhador e duro, Muricy recolocou o São Paulo nos trilhos.
O que está em discussão aqui é a eficiência de Muricy como criador de uma marca. E os recados velados que ele dá. Ou ninguém percebeu que em todas as entrevistas que concede, o treinador tenta de forma sutil colocar na cabeça do torcedor do São Paulo que aceitou uma proposta desvantajosa porque ama o clube? E por proposta desvantajosa, leia-se ganhar R$ 350 mil ao invés dos R$ 700 mil que ele costuma receber.
“O momento realmente é ruim, Juvenal me ligou falando assim. Cheguei no CT e vi, era assim mesmo, estava difícil. Pensei: ‘Eu estava lá em Ibiúna, comendo carne e tomando cerveja, com a família, estava ótimo… Nunca fiz isso, ser vagabundo (risos). Estava ótimo, meu Deus. Mas falei: ‘Vamos lá, Juvenal’. Nem assinei ainda o contrato, está lá em casa jogado em algum lugar”, disse depois da vitória contra o Atlético-MG no meio de semana.
Acredito que Muricy, inicialmente, não se dava conta de que poderia usar o estereótipo de que é bom de trabalho a seu favor. Mas agora, a impressão é que em todo discurso que faz, ele tenta se aproveitar desta marca que criou.
A relação da torcida do São Paulo com Muricy é algo messiânico, inexplicável. A adoração dos torcedores pelo treinador é muito maior do que os três Brasileiros que ele conquistou, somente comparável à paixão do são-paulino por Telê Santana, a quem foi discípulo no início da carreira.
Craque do marketing como é, Muricy sabe explorar os benefícios dessa relação como poucos. O casamento entre o treinador e o São Paulo tem tudo para dar certo.
Crédito da foto: Reinaldo Canato/UOL
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